quarta-feira, fevereiro 06, 2008

... mas, quando a terra se vê tão corrupta ...

Sermão aos Peixes

(...) Dir-me-eis (como também dizem os homens) que não tendes outro modo de vos sustentar. E de que se sustentam entre vós muitos que não comem os outros? O mar é muito largo, muito fértil, muito abundante, e só com o que bota às praias, pode sustentar grande parte dos que vivem dentro dele. Comerem-se uns animais aos outros é ferocidade e sevícia, e não estatuto da natureza.
(...) Dir-me-eis que o mesmo fazem os homens. Não vo-lo nego. Dá um exército batalha contra outro exército; metem-se os homens pelas pontas dos piques, dos chuços e das espadas, e porquê? Porque houve quem os engodou e lhes fez isca com dois retalhos de pano.

P. António Vieira
Sermões e Cartas
Braga. Livraria Cruz. 1958.

António Vieira, há 400 anos (nasceu em 6 de Fevereiro de 1608), defendeu com veemência a igualdade entre os seres humanos.

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