Segundo Paulo Varela Gomes, na crónica "Teoria do valor", publicada ontem no Público, um padre católico goês explicou que quando os proprietários rurais lhe dizem que sendo sua a terra podem vendê-la, costuma opôr-se à venda das terras utilizando três argumentos:
1. "Sim, a terra é tua, mas herdaste-a dos teus pais e avós. Não vais deixar nada aos teus filhos e netos? Não te interessa a vontade de quem te antecedeu e a vontade de quem virá depois de ti?".
2. "Não te importa que, com as tuas terras, dêem cabo da tua aldeia? Que, onde estão arrozais ou coqueiros, uma várzea e uma casa, fique mais uma récua de moradias geminadas iguais a todas as outras, mais uma lixeira, mais uma estrada?"
3. "De onde é que achas que vem o valor da tua propriedade? Não é por ela existir que tem valor. É porque durante muito tempo houve muita gente a trabalhar nela, a cultivá-la, a fazê-la aquilo que é. Sem isso não seria nada, seria mato, não valeria dinheiro nenhum. Não te interessa a vontade e o destino de quem trabalhou para ti?".

Sem comentários:
Enviar um comentário