quinta-feira, julho 24, 2008

Sobre o valor da terra

A voragem de promotores imobiliários por propriedades rurais em Goa contribuíu para que estas atingíssem preços muito elevados. A oposição à ocupação turística do espaço rural tem contado com a mobilização de aldeias e grupos de activistas.

Segundo Paulo Varela Gomes, na crónica "Teoria do valor", publicada ontem no Público, um padre católico goês explicou que quando os proprietários rurais lhe dizem que sendo sua a terra podem vendê-la, costuma opôr-se à venda das terras utilizando três argumentos:

1. "Sim, a terra é tua, mas herdaste-a dos teus pais e avós. Não vais deixar nada aos teus filhos e netos? Não te interessa a vontade de quem te antecedeu e a vontade de quem virá depois de ti?".

2. "Não te importa que, com as tuas terras, dêem cabo da tua aldeia? Que, onde estão arrozais ou coqueiros, uma várzea e uma casa, fique mais uma récua de moradias geminadas iguais a todas as outras, mais uma lixeira, mais uma estrada?"

3. "De onde é que achas que vem o valor da tua propriedade? Não é por ela existir que tem valor. É porque durante muito tempo houve muita gente a trabalhar nela, a cultivá-la, a fazê-la aquilo que é. Sem isso não seria nada, seria mato, não valeria dinheiro nenhum. Não te interessa a vontade e o destino de quem trabalhou para ti?".

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