Vinho cor do dia
vinho cor da noite
vinho com pés púrpura
o sangue de topázio
vinho,
estrelado filho da terra
vino, liso
como uma espada de ouro,
suave
como um desordenado veludo
vinho encaracolado
e suspenso,
amoroso, marinho
nunca coubeste em um copo,
em um canto,
em um homem,
coral, gregário és,
e quando menos mútuo.
O vinho
move a primavera
cresce como uma planta de alegria
caem muros,
penhascos,
se fecham os abismos,
nasce o canto.
Oh tu, jarra de vinho, no deserto
com a saborosa que amo,
disse o velho poeta.
Que o cântaro do vinho
ao peso do amor some seu beijo.
Amo sobre uma mesa,
quando se fala,
à luz de uma garrafa
de inteligente vinho.
Que o bebam,
que recordem em cada
gota de ouro
ou copo de topázio
ou colher de púrpura
que trabalhou no Outono
até encher de vinho as vasilhas
e aprenda o homem obscuro,
no ceremonial de seu negócio,
a recordar a terra e seus deveres,
a propagar o cântico do fruto.
Pablo Neruda
SONETO DEL VINO
¿En qué reino, en qué siglo, bajo qué silenciosa
Conjunción de los astros, en qué secreto día
Que el mármol no há salvado, surgió la valerosa
Y singular ideia de inventar la alegria?
Com otoños de oro la inventaron.
El vino fluye rojo a lo largo de las generaciones
Como el río del tiempo y en el arduo camino
Nos prodiga su música, su fuego y sus leones.
En la noche del júbilo o en la jornada adversa
Exalta la alegria o mitiga el espanto
Y el ditirambo nuevo que este día le canto
Otrora lo cantaron el árabe y el persa.
Vino, enseñame el arte de ver mi propia historia
Como si ésta ya fuera ceniza en la memória.
Jorge Luis Borges

Ruba'iyat
Drink wine that is life everlasting,
The source of youthful delight;
It burns like fire, but puts an end to grief,
It´s like the water of life, drink it.
Omar Khayyam
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