quinta-feira, maio 27, 2010

O ramalhete rubro de papoulas!



O ramalhete rubro de papoulas


Naquele pic-nic de burguesas,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E que, sem ter história nem grandeza,

Em todo o caso dava uma aguarela.



Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão-de-bico,

Um ramalhete rubro de papoulas.



Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampávamos, inda o Sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão-de-ló molhado em malvasia.



Mas, todo púrpuro a sair da renda

Dos seuas dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas!


Cesário Verde
O Livro de Cesário Verde



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