domingo, julho 11, 2010

João Habitualmente

DOMINGO
estes vagos milhares de namorados
que marginam as bordas dos domingos
de mãos dadas e dissipam perfumes
densos nos contornos da baixa portuense
ou serão pipocas derramadas nos passeios?
lá vão elas a
profusão dos líquidos aromas chanel
eau violette xailes
roxos esburacados de rendas batons
vivos tanta
cor
tanta cor para destinos black & white
sabes como me fizeste noite?
e como me obrigas
a reaprender devagar o comprimento dos dias?
este grande deserto e os
rios apagados
acender a chama recomeçar a luz
tarefa meticulosa
Há pedras habitadas Pássaros que não migram
só para não sofrerem a partida
esperam então um ano a fio
pelo regresso dos companheiros
KODAK
tão sentados que
estamos
aqui na borda da lua
anda jantar comigo
pomos
a vela na mesa
tão bonitos que
ficamos
ri-te p’rá fotografia
e tão inúteis que somos
FOGO
De que valem o certo e o regular?
E o chão liso, um tapete pra andar?
Não vou a passo - antes quero correr
És o fósforo e a chama
se quisesse fugia - prefiro arder
In Os Animais Antigos

Sem comentários: