Tudo o que na noite parecemos ver
Só em nós o vemos e o concebemos,
Os olhos cansados nos sonham ao ver
O escuro e a dúvida no que tememos.
Somos o que sonhamos, no que é "fora" 'stamos,
Das coisas a infinda e vaga dispersão
É a variedade infinita que sonhamos
E o alcance infinito da imaginação.
Nunca saberemos o que é nosso, ou não
Do que vemos não nosso, nem sequer
A real capacidade de ilusão
Dos poderes que o ver à vista confere.
Daí que o mistério do que ouvimos e vemos
É só o mistério do que em nós já temos.
Fernando Pessoa,
In Poesia Inglesa
Escrito em 10-6-1912
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