domingo, janeiro 16, 2011

Fernando Pessoa

Sonetos
VII

Ah quantas máscaras e submáscaras

Usamos sobre a alma! E quando, a gosto,

a alma tira a última das mácaras,

Será que ela conhece o simples rosto?

A vera máscara não está por trás

Mas espreita por ela conivente.

O hábito aceite, sonolento faz

Tudo o que começa consciente.

Como a criança teme a própria face,

A nossa alma, criança também,

Julga ser de outro o rosto em seu disfarce

E um mundo lhe vem de se enganar;

E até o pensar uma máscara tem

Quando quer a alma desmascarar.


Poesia Inglesa

Ed. Assírio & Alvim

Sem comentários: