Aquecimento Global
Vinde a mim
Prados do fim do mundo
Quanto tempo terei ainda para vos pastar?
Era verde
Quanto tempo terei ainda para vos pastar?
Era verde
A erva que agora vos amarelece
Mirrais sob o vento sulfúrico
Andam-vos por cima as aves desorientadas
Nem sois figura nem fundo
Vinde a mimBosques em agonia
Quanto tempo sereis ainda a minha clorofila?
morreis agora mais rápido que as aldeias
Vinde a mimBosques em agonia
Quanto tempo sereis ainda a minha clorofila?
morreis agora mais rápido que as aldeias
Sepultando na lama insectos teratológicos
Olha, filho, o prado que seca
Olha, filho, o prado que seca
Olha o bosque que amarelece
Desiste, pois, de colher tangerinas
Desiste, pois, de colher tangerinas
E cinge-te aos pedregosos leitos falecidos
Não temas: são as novas cores do universo
Não temas: são as novas cores do universo
Prepara-te para a grande festa
E vem brindar ao aquecimento global
Às turbulências, aos ciclonesao efeito-estufa em espiral
São belas, as novas vestes da princesa
São belas, as novas vestes da princesa
Não vês como ainda respiro?
Plano nas cinzas de tudo quanto acontece
sou um transgénico em passeio no pinhal
venha o ronco telúrico ebulir o planeta
seque prados, arda bosques
ponha estios nos Invernos
ponha pólos no equador
que a mim
Nem me aquece nem me arrefece
João Habitualmente
Anjos Caídos
Neste palco de sol,
de repente:
os teus lábios:
anjos caídos mas abençoando
Cada curva e tremura
dentro do nervo exacto
da memória
Por esses lábios
eu faria tudo:
rasgava-me de sangue
e inocência,
partia com as mãos vitrais
e estrelas,
desintegrava o sol
Já não anjos caídosos teus lábios,
mas deuses transportados
pelos meus
Ana Luísa Amaral
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