quarta-feira, junho 08, 2011

David Mourão Ferreira

Barco Negro


De manhã, que

medo, que me

achasses feia!

Acordei, tremendo,

deitada n’areia

Mas logo os teus

olhos disseram que

não,

E o sol penetrou

no meu coração.
Vi depois, numa

rocha, uma cruz,

E o teu barco negro

dançava na luz

Vi teu braço

acenando, entre as

velas já soltas

Dizem as velhas da

praia, que não voltas:

São loucas! São

loucas!

Eu sei, meu amor,

Que nem chegaste a

partir,

Pois tudo, em meu

redor,

Me diz qu’estás

sempre comigo.
No vento que lança

areia nos vidros;

Na água que canta,

no fogo mortiço;

No calor do leito, nos

bancos vazios;

Dentro do meu peito,

estás sempre comigo.

David Mourão Ferreira

Sem comentários: