Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto atua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny, Pena Capital (1999).
Lisboa: Assírio & Alvim.
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1 comentário:
Acabei de espreitar o teu excelente blog e deliciei-me com a música e tão bela poesia. Consegues transmitir, nessa janela que abres aos outros, a qualidade que retratas sempre. És mesmo pessoa da 4ª vaga!...
Vês como tenho razão em dizer que te admiro? Eu não tenho blog...
Em jeito de retribuição, ofereço-te Sophia de Mello Breyner Andresen, in O búzio de Cós, Editorial Caminho, 1997:
"O Poema e a Casa"
Paramos devagar entre paredes brancas
Entre mobílias escuras e as janelas verdes
Um longo instante paramos em frente
Das mil luzes e mil estátuas do poente
Beijinhos
Lurdes S.
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