terça-feira, setembro 15, 2009

Deixar tudo e partir

deixar tudo e partir
sem bagagem
sem memórias
sem retratos
sem orvalho de lágrimas
sem lenços de adeus

só corpo e alma
mais nada

uma lenta névoa talvez
a inventar-me o caminho
a levar-me p'la mão
errante
à procura de mim
sem cadastro
sem peças soltas
íntegro
caoticamente íntegro
puzzle alinhado sem enredo
sem medo da desagregação
eminente
inevitável
sem o desespero de saber-me múltiplo
dividido
divisível
número irracional
de circo
sem resto zero
fractal imagem incompleta
geneticamente manietada

algema pena
tão aérea
Jorge Casimiro
Murmúrios Ventos

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