terça-feira, setembro 15, 2009

Poesia de Maria Teresa Horta

Minha senhora de mim

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

recusando o que é desfeito
no interior do meu peito

Minha Senhora de Mim.




Henri Matisse, Nu au Bracelet

Os silêncios da fala

São tantos
os silêncios da fala

De sede
De saliva
De suor

Silêncios de silex
no corpo do silêncio

Silêncios de vento
de mar
e de torpor

De amor

Depois, há as jarras
com rosas de silêncio

Os gemidos
nas camas

As ancas
O sabor

O silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.

Vozes e Olhares no Feminino

Memória

Retenho com os meus
dentes
a tua boca entreaberta

e as palmas das mãos
dormentes
resvalam brandas e certas

As tuas mãos no meu peito
e ao longo
das minhas pernas

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