Comigo me desavim
minha senhora
de mim
sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
recusando o que é desfeito
no interior do meu peito
Minha Senhora de Mim.

Henri Matisse, Nu au Bracelet
Os silêncios da fala
São tantos
os silêncios da fala
De sede
De saliva
De suor
Silêncios de silex
no corpo do silêncio
Silêncios de vento
de mar
e de torpor
De amor
Depois, há as jarras
com rosas de silêncio
Os gemidos
nas camas
As ancas
O sabor
O silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.
Vozes e Olhares no Feminino
Memória
Retenho com os meus
dentes
a tua boca entreaberta
e as palmas das mãos
dormentes
resvalam brandas e certas
As tuas mãos no meu peito
e ao longo
das minhas pernas
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