domingo, abril 10, 2011

ABRIL


Dona Abastança

"A caridade é amor"

Proclama dona Abastança

Esposa do comendador

Senhor da alta finança.


Família necessitada

A boa senhora acode

Pouco a uns a outros nada

«Dar a todos não se pode.»


Já se deixa ver

Que não pode ser

Quem

O que tem

Dá a pedir vem.


O bem da bolsa lhes sai

E sai caro fazer o bem

Ela dá ele subtrai

Fazem como lhes convém

Ela aos pobres dá uns cobres

Ele incansável lá vai

Com o que tira a quem não tem

Fazendo mais e mais pobres.


Já se deixa ver

Que não pode ser

Dar Sem ter

E ter sem tirar.


Todo o que milhões furtou

Sempre ao bem-fazer foi dado

Pouco custa a quem roubou

Dar pouco a quem foi roubado.


Oh engano sempre novo

De tão estranha caridade

Feita com dinheiro do povo

Ao povo desta cidade.


Manuel da Fonseca

Poemas para Adriano

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